as luquinianas são postagens de cenas, conversas com meu filho luca que, hoje, dezembro de 2013, está com 11 anos e meio. tento registrar esses momentos o mais rápido e fielmente possível para que o brilho não se perca nos dias - dias que passam e que o fazem crescer sem cessar.
Faça os gestos certos, o destino vai ser teu aliado, ouço uma voz dizendo do fundo mais fundo do passado.
Hoje, não faço nada direito, que é preciso muito mais peito pra fazer tudo de qualquer jeito.
Ai do acaso, se não ficar do meu lado.
paulo leminski
desculpe colocar vocês a par, mas eu preciso mais amar. é tanta vontade, tanta pouca força.
maurício campos
No corpo adverso
busco a escrita
do meu corpo
avesso
o silêncio grita
no espelho
e não me reconheço
luis felipe de aguiar teixeira
terrena-comedia.blogspot.com
cúmplices, comparsas, compadres
se a infância passa
que tempo há de vir?
não será o hoje nem o amanhã
quando a infância passa
toda vida é vã
(marcus accioly)
Como se chovesse e o entardecer
não soubesse que a noite que vem
não é a que ele esperava.
(antónio amaral tavares)
nunca sei ao certo se sou um menino de dúvidas ou um homem de fé
certezas o vento leva só dúvidas ficam de pé
(leminski)
Cuando cierras los ojos
tus párparos son aire.
Me arrebatan:
me voy contigo, adentro.
No se ve nada, no
se oye nada. Me sobran
los ojos y los labios,
en este mundo tuyo.
Para sentirte a ti
no sierven
los sentidos de siempre,
usados con los otros.
Hay que esperar los nuevos.
(pedro salinas, la voz a ti debida)
sonetilho
Medo do medo de amar
medo do medo de ser
medo até de se afogar
e com medo perecer
medo de estar e não estar
à beira do desencanto
medo de não se abrigar
de viver sem acalanto
medo de agora perdida
o que outrora foi a vida
e que jamais viverá
medos dos olhos do medo
medo do chão do degredo:
mais medos não: oxalá
Domingos da Mota
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que me seja permitido desaprender os limites
(fabrício carpinejar)
Eu olho e vejo sou outro homem sou muitos homens. Eu olho e vejo e sou eu mesmo.
(afonso félix de sousa)
Açoite
Tal qual, não apesar do açoite,
antes por causa da agonia,
o masoquista que riria
caso lhe perguntassem "dói-te?",
cada qual tenta, dia a dia,
sem que, por muito que se afoite,
possa, ante a boquiaberta noite,
colher minimamente o dia
(que, tudo indica, não é parque
temático, mas sim, malgrado
os lapsos lúdicos que abarque,
centro no qual processam dados
sem uso salvo o de informar que
todos os dias são contados).
Nelson ASCHER
Tenho tudo, mas não tenho o que é meu.
(afonso félix de sousa)
dom-fafe e cerejeira-do-japão
hokusai
morro porque é preciso morrer muitas vezes para se cumprir alguém
(civilidade, fernanda marra)
QUANTO
Quanto de mim há em cada pedaço que sou
E quanto de mim há em cada pedaço do que nego ser?
Quanto de mim sobrevive ao idealismo
E quanto de mim morre diante do desmascaramento?
Quanto de mim resta ao final de tudo?
Quanto, quem, como, onde, por que e até quando?
(ivan bueno)
cedo ou tarde
Devias saber
que é sempre tarde
que se nasce, que é
sempre cedo
que se morre. E devias
saber também
que a nenhuma árvore
é lícito escolher
o ramo onde as aves
fazem ninho e as flores
procriam.